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18.8.07

Thiago é um militante ferido em combate com a polícia que é escondido em um apartamento de um colega. Ali se passará uns 80% das cenas de Cabra-Cega, o que dá um boa idéia do que o isolamento, agravado pelo medo de ser descoberto e pela desconfiança em relação aos seus pares, pode fazer à cabeça do sujeito. Nesse ambiente claustrofóbico Thiago, vivido pelo bom Leonardo Medeiros, também travará amizade (ou um pouco mais do que isso) com Rosa, militante designada para cuidar dele, e com a vizinha espanhola que perdera um filho na guerra civil de seu país.
Dona Nenê, por sinal, é um personagem secundário interessantíssimo. A ternura dela para com Thiago, causada um tanto pela solidão de viúva recente e outro pela lembrança do filho morto, também um revolucionário, vence a credulidade de Thiago, dono de um coração enrijecido pela luta política. Aliás, em certo momento ele confessa a Rosa: “na economia só tinha homem, em Cuba também, acho que perdi o jeito (com mulheres)”.
Em relação à guerrilheira que, ao contrário do protagonista, não conseguiu escapar à prisão, o roteiro tem furos. Sabe-se apenas que ela foi torturada e depois reaparece com os guerrilheiros: ela não os entregou. O.K., mas os milicos soltaram ela na boa? Ela fugiu? Foi libertada como resgate? E que relação ela tinha com o protagonista? Só companheira? Namorada? Esposa? Não sabemos. Pela relativa importância que possui na trama, são questões que merecem respostas.
Também são discutíveis o previsível encaminhamento da relação entre Thiago e Rosa, que apesar dos temperamentos opostos, da rudeza dele e tudo o mais, é de imaginar que eles vão terminar tendo um caso: o que acontece de fato; assim como a forçada tentativa de levar o espectador a achar que Pedro, o dono do apartamento, traiu Thiago e os outros membros do grupo: o que não acontece - propiciando um final harmonioso e “imprevisível”.
Mas talvez eu esteja sendo exigente demais, e até com um pouco de má fé. A verdade é que o longa de Toni Venturi conseguiu me emocionar, ajudado pela excelente trilha sonora (canções da época rearranjadas e interpretadas por Fernanda Porto).

Um comentário:

Anônimo disse...

a parte piorzinha é essa da militante que aparece do nada mesmo - tu tem razão.
mas q o filme é massa, é.

ei, vim aqui pq tava vendo templates. vi esse:
http://templates.arcsin.se/bitter-sweet-website-template/
e lembrei do Cítricas, q Lala tinha me passado.

:D