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15.5.07

“Los documentales más importantes, como sucede también en el cine de ficción, requiren una historia de certa calidad, com personajes interesantes, tensión narrativa y un ponto de vista integrado” (Michael Rabiger, Dirección de documentales)

O que difere a linguagem do documentário de cinema do documentário televisivo é questão das mais delicadas e polêmicas. Em geral observa-se o caráter autoral dos documentaristas-cineastas. Eduardo Coutinho, por exemplo, gosta de deixar as perguntas aparecerem no filme, além de mostrar as câmeras e como se deu o processo das entrevistas.
Paulo Sacramento, em “O prisioneiro da grade de ferro” entregou a câmera aos detentos do Carandiru para que eles próprios registrassem a si e a seus pares. Depois disso, todo mundo saiu copiando a idéia.
Já o documentário televisivo tende a ser limpo, objetivo, sem “estilo”.

Nesse Cineport eu pude ver dois documentários bem representativos no que se refere à abordagem. “Cartola”, de Lírio Ferreira e Hilton Lacerda, é fruto basicamente de pesquisa e montagem. As entrevistas feitas para o filme e os depoimentos de Cartola selecionados são vassalos do senhor Roteiro.
O pulo-do-gato da produção é que os diretores não se limitaram a ir atrás de imagens de arquivo apenas do homenageado. Há cenas de cinejornais ou televisão mostrando eventos marcantes da história brasileira e mundial recente, como a segunda guerra e a ditadura militar e, o que eu acho a grande sacada do filme, trechos de filmes nacionais ilustrando fatos da vida de Cartola. Tem de Oscarito a Júlio Bressane, passando por Carmem Miranda. O filme é um casamento da música brasileira com o cinema brasileiro. E com final feliz.

“O Senhor do Castelo”, dirigido e montado por Marcus Vilar, é coerente com a obra do cineasta: muita correção e pouca ousadia. O filme passa por todas as fases e obras significativas do escritor, pontuadas por entrevistas e trechos das famosas "aulas-espetáculo", colhidos ao longo dos últimos 15 anos.
“O Senhor do Castelo” é um caso raro de documentário de longa-metragem onde praticamente apenas uma pessoa é entrevistada. Sendo assim, Marcus evita polêmicas ao deixar que o espectador conheça apenas a visão de Ariano sobre os controvertidos eventos da Revolução de 30, que vitimou o pai do escritor, e a respeito das suas posições em defesa da “verdadeira cultura brasileira”, consideradas xenófobas por alguns.
Vilar evita até mesmo chamar a capital de João Pessoa, nos créditos. O título do documentário é bem significativo. Ariano é o senhor do filme.
“O senhor do castelo” é uma espécie de cinebiografia autorizada. O que, vejam bem, não significa que não seja interessante de ver (e ouvir). Esse paraibano octogenário é um personagem interessantíssimo, revelando, inclusive, um senso de humor surpreendente.

3 comentários:

tautologico disse...

Não tenho o que dizer sobre O Senhor do Castelo, concordo com o post. Mas Marcus Villar fez a montagem também? Ele não apontou lá o cara que fez a montagem antes da exibição? Nem vi os créditos nem nada, mas fiquei com essa dúvida.

Anônimo disse...

tem nos creditos q ele mesmo q montou. ateh estranhei. o cara q ele apontou nao fez outra coisa nao? ou entao foi só o técnico, o q sabe "mexer no programa". :P

gio disse...

puxavida, agora me lembrei que faz um tempão que não vejo documentários..

eu me disse que eu ia ver cartola, mas eu me dou muitos bolos.

caso eu veja, volto pra comentar qualquer coisa de futuro.