Aviso: SpoilerA sensação que tive de
Juno é que ele não cumpre o promete. Quando você nota um esforço pra mostrar um casal de adolescentes que não é um jogador de futebol e uma líder de torcida ou um nerd e uma patricinha, dois personagens que parecem pessoas e não arquétipos, cria-se a expectativa de uma resolução que não seja tão careta...
Abordar o tema da gravidez precoce dá uma mera ilusão de transgressão. Juno, a protagonista, passa a se envolver com o pai adotivo de seu futuro bebê, o que não passa de um artifício pro espectador ficar esperando que role algo a mais. O que seria natural, já que Mark está deixando a esposa, tem gostos em comum com Juno e mostra interesse por ela. Já Paulie (mau personagem, bom ator), o pai do bebê, é tímido, quase idiota, nada atraente e que em nenhum momento é mostrado como um bom partido - o que só reforça a expectativa que a moça irá ficar com Mark.
No final, Juno faz uma pergunta deveras original ao seu pai: - É possível ficar com a mesma pessoa pela vida toda?
A resposta é melhor ainda: - Filha, você deve ficar com quem gosta de você do jeito que você é.
E de repente ela descobre que Paulie, que, o mesmo que passa o dia correndo e comendo tic-tac de laranja, e que ainda lhe dera um fora, é o homem de sua vida.
É como se o filme tivesse um final qualquer menos cor de rosa, mas aí alguém cochichou: - ei, mude isso aí que eu lhe consigo uma indicação ao Oscar. Uma adolescente de 16 anos ficar com um cara com o dobra da idade seria revolucionário demais.
5 comentários:
Pois é, eu discordo. Primeiro, que durante todo o filme acontecem várias coisas que mostram que ela gosta mesmo do Paulie; o "fora" dele veio como reação à cena anterior em que ele sugeriu que eles dois "ficassem juntos de novo" e ela sugeriu que ele ficasse com a tal que ele chamou para o baile. A cena de ciúmes dela e a briga dos dois foi mais uma confirmação que rolava um sentimento.
Já com Mark não há nenhum sinal claro que ela tenha algum interesse romântico. Eles descobrem gostos em comum e há uma afinidade, mas ela parece levar mais na "brincadeira" do que ele (acho que o diálogo entre Juno e a madrasta depois de uma das visitas dela a Mark é um indício).
Também achei o momento da conversa com o pai meio clichê e auto-ajuda, mas bem, Juno tem 16 anos, e é nesse momento em que, pela primeira vez no filme, ela deixa de lado a fachada de sarcasmo e ironia auto-consciente para lidar diretamente com os próprios sentimentos; não é a toa que ela demonstra a idade que tem ao fazer a pergunta. Só aí é que ela se permite admitir que gosta de Paulie e tal, o que para quem vê o filme já deveria estar claro desde o começo.
E daí o final, que é bem ursinhos carinhosos sim, mas não me pareceu forçado. Agora, quanto a ser indicado ao Oscar de melhor filme, aí já não sei...
a meu ver, os momentos em q ela demonstra sentir alguma coisa por paulie seja porque, afinal de contas, o boy é o pai do filho dela. daí a ser todo aquele amor são outros 500.
De fato, o filme nao mostra q ela se apaixonou por Mark, mas o fato de ela pegar o carro e visitar o cara pra conversar, ver filmes etc. poderia ser um indicio q ela tava gostando dele. Se ela tivesse apaixonada, isso nao seria mostrado de forma convencional, até pq o personagem não é de demonstrar afeto e tal.
eu discordo da parte do post que diz que ela fica com Paulie porque era menos revolucionário e aí o filme teria menos chances pro Oscar. não acho que tenha sido uma coisa desse tipo, é um filme fofinho, apesar de alternativo, independente e blá, ela tinha que ficar com Paulie no final, acho que não faria muito sentido se ela não ficasse. ela tem 16 anos, coisa mais normal do mundo é ela um dia descobrir que ama de verdade o melhor amigo. pra vocês, garotos, pode não parecer, mas pras meninas soa bem verossímel sim.
agora a parte do post com a qual eu concordo _ em muitos momentos eu também tive a impressão de que ela iria cair nos braços de Mark. pra mim seria estranho se ela fizesse isso, mas eu realmente achei que ela ia fazer..
atrasada mas... rapaz, sabe o que é, eu também fiquei achando que ia acontecer alguma coisa entre ela e mark, mas... gostei que não tivesse rolado. acho que estava se dando um encantamento mútuo, a descoberta dos gostos comuns era fascinante pra ela, não apenas por ela mesma, mas talvez pela possibilidade daquele bebê vir a ser criado num ambiente tão próximo do que ela gostaria - sem ela, mas com as coisas em que ela acreditava, afinal. e pra ele, a liberdade de ser sem a vigilância da esposa, claro. muito claro, aliás. Aí acho que ficou muito claro também que mark pensou que ia acontecer alguma coisa entre ele e Juno, quando ele diz 'mas onde eu estava com a cabeça.. você é tão jovem...'. No entanto acho que era só aquilo mesmo e não me pareceu gratuito que de repente não acontecesse nada. nada de novo em criar um clima que não desencadeie nenhum acontecimento, acho eu. aliás, nada de revolucionário em que uma menina ficasse com um cara com o dobro da idade dela... não creio que o final como foi tenha sido influenciado pela possibilidade de concorrer ao oscar, mas como gio disse, é um filme fofinho, uma comédia romântica, mas mais bem formulada que a maioria. não é?
ah, esqueci de comentar: o comentário de andrei é exatamente o que eu acho! então pra quê escrevi outro? agora mesmo me pergunto. no entanto não me respondo.
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