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7.11.09




"Felicidade é pouco, o que eu desejo ainda não tem nome." A frase atribuída a Clarice Lispector pode ser vista em perfis de Orkut de um monte de adolescentes e algumas moças mais maduras.

Agora tente imaginar, quantas, entre elas, já pegaram em algum livro de Clarice na vida.

Algumas até tentam. Minha sobrinha, por exemplo, pediu pra eu pegar pra ela algum romance dela na biblioteca. Peguei. E, segundo ela própria, não conseguiu ler nem dez páginas.

Rafaela, assim como todo adolescente, está acostumado com Stephenie Meyer e sua prosa afiada - no que se refere aos dentes dos personagens. Tudo bem, melhor que nada. Mas são livros (imagino) com histórias de amor, bastante ação, e que vão direto ao ponto, sem perder tempo com arrodeios.

Aí a pobre vê a fama que Clarice Lispector tem entre internautas posers e pensa: - opa, isso deve ser bom. Sem imaginar que a autora não é nada fácil. Sua narrativa jamais vai direto ao ponto, e a graça está não nos fatos, mas nos arrodeios. Pra ser mais técnico, nas descrições poéticas. São dezenas de páginas de um delicioso porém assustador rame-rame. Há que ter paciência e, vá lá, algum chão como leitor.

Clarice se tornou cult, em grande parte, justamente por ser difícil. Passar a ideia de que se gosta de uma escritora hermética dá status.

Em tempo: peguei o enjeitado A maçã no escuro e é bom.

Um comentário:

Tasso Cardoso disse...

Gostei de sua 'citrica', assim como gostei do nome do teu blog, muito criativo,mas, nao puder passar pelo fato de o senhor não ter feito nenhum comentário sobre nenhum livro do saramago..repense,está perdendo um maravilhoso escritor.