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24.9.11

Os quatro problemas de "Viajo porque preciso, volto porque te amo"

1) Semidocumental, os diretores resolvem explorar uma romaria a Juazeiro do Norte. A ideia é mostrar ao resto do Brasil e ao mundo a fé do sertanejo com crítica social: ainda se viaja de pau-de-arara. O problema é o pretexto pra incluir isso no roteiro: o protagonista José Renato (Irandhir Santos) desabafa que "precisa ver gente".

2) O segundo é ao mesmo tempo uma decorrência e uma repetição do primeiro. Sai Juazeiro, entra Caruaru. Mais uma vez a desculpa soa forçada: "Queria me perder no meio daquela feira". A intenção do filme foi aproveitar os ícones do interior nordestino: a fé no Padre Cícero, a Feira de Caruaru e o rio São Francisco, que aparece mais pro fim da história.

3) José Renato, em plena dor-de-cotovelo, tem um pesadelo em que sofre uma cirurgia craniana, e de dentro da sua cabeça saem partes do corpo da mulher amada... Obviedade que beira o mau gosto. Castigo: assistir David Lynch.

4) Saindo do roteiro pra direção, achei a narração pouco natural em alguns momentos. No caso do pesadelo, que já comentei, o relato sai sem pausas, pouco comum em quem rememora um sonho.

Mas eu só falei dos problemas porque sou do contra. O filme é belíssimo, como tudo que a dupla Karim Ainouz-Marcelo Gomes já fez.

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