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6.4.07

Continuando:

Ilha das Flores ganhou o Urso de Prata em Berlim e outras dezenas de prêmios pelo Brasil, França, Estados Unidos.
Mas o que explica tanto interesse por um curta sobre um lixão de Porto Alegre? Além disso, “Ilha” tem elementos datados, como anúncios publicitários da época e referência ao acidente com o Césio 137 em Goiânia. Sem falar nas muitas referências que passam despercebidas para quem é gringo.
Uma palavra explica o sucesso da obra: abordagem. Ou, em português mais claro: roteiro. Furtado se recusou a fazer um documentário convencional. Com a palavra, o diretor: “Acho que o impacto do filme está, em primeiro lugar, em ser baseado em fatos. Ele pega emprestado a força do documentário. Em seguida, na linguagem, na vertigem do texto e das imagens, com estranhas associações que, de certa forma, hipnotizam o espectador. Em terceiro, no humor, que induz o espectador a se aproximar de um assunto que, a princípio, o afastaria. Em quarto, pela aparente banalidade das informações que constroem a complexidade da trama.”
Linguagem, humor, complexidade. O diretor simplesmente rejeitou a idéia de fazer um doc na escola francesa de cinema-verdade ou dentro do “cinema direto” dos americanos. Furtado também teve a felicidade de não fazer um registro panfletário ou sensacionalista. Ainda inventou uma forma de narrar. Nota-se o quase médico no tom pseudocientífico do texto em off e o quase artista plástico nas muitas colagens.
Ilha das flores é o produto de um cineasta questionador, inconformado, renovador. Se por um lado ele projetou seu diretor, por outro, é uma maldição. Jorge Furtado hoje é do mainstream, e mesmo fazendo coisas até interessantes, nunca mais ele chegará sequer perto do brilhantismo de “Ilha”. O conceito de obra-prima anda desgastado, mas em Ilha das Flores ele se enxaixa perfeitamente, no seu sentido original: obra-maior. O resto é o resto.

2 comentários:

Anônimo disse...

quando é que vc vai parar de postar os trabalhos que vc faz na universidade?

e não diga que Furtado nunca mais chegará novamente ao brilhantismo de Ilha das Flores, meu amigo. Se tem uma coisa que você não pode dizer é isso, mesmo que pareça um clichê.

Ele fez coisa parecida na literatura com o conto "Frontal com Fanta". Genial! Espetacular! Eu não esperaria isso nunca de um cineasta.

Por falar em cinema, vc já viu 300? Se não viu, VEJA.

Por que você acabou com o blog de futebol? Eu gostava daquilo.

Bruno R disse...

isso nao foi um trabalho pra universidade, amigo